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tecnologia permite indentificar animais
tecnologia permite indentificar animais

Tecnologia permite identificar espécies de animais pelo som

Pesquisadores desenvolveram equipamento capaz de gravar sons emitidos em regiões isoladas e identificar quais animais estão presentes no local

sapo

Durante os quatro primeiros anos de pesquisa, os barulhos produzidos pelo sapo E. juanariveroi diminuíram significativamente. No final do ano passado, no entanto, eles voltaram ao nível original, diminuindo as preocupações em relação à extinção da espécie (CoquiPR.com)

O sapo Eleutherodactylus juanariveroi foi descoberto pelos cientistas apenas em 2005, vivendo nas florestas tropicais de Porto Rico, na América Central. Desde então, sua população vem diminuindo ano a ano, por causa da destruição de seu habitat. Os esforços de conservação dos governos e ambientalistas locais pareciam não surtir efeito nenhum, levando a espécie à beira da extinção. Em setembro de 2012, no entanto, os pesquisadores perceberam um repentino salto populacional, mostrando que a espécie estava conseguindo se recuperar. Ao contrário do que se poderia esperar, nenhum dos cientistas ou habitantes locais viu a população do sapo aumentar — eles apenas ouviram seu barulho.

 

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Real-time bioacoustics monitoring and automated species identification

Onde foi divulgada: periódico PeerJ

Quem fez: T. Mitchell Aide, Carlos Corrada-Bravo, Marconi Campos-Cerqueira, Carlos Milan, Giovany Vega, Rafael Alvarez

Instituição: Universidade de Porto Rico

Resultado: Os pesquisadores desenvolveram um equipamento capaz de realizar gravações acústicas de um minuto em regiões isoladas de florestas tropicais e transmiti-las em tempo real para servidores. As gravações podem ser, então, analisadas, usando softwares desenvolvidos pelos cientistas, em busca de espécies de animais que podem habitar o local.

O coaxar foi gravado por um equipamento simples — composto por um microfone plugado em um iPod — instalado na floresta, e transmitido para a Universidade de Porto Rico, onde pesquisadores analisaram o som. O resultado, além de mostrar que os sapos E. juanariveroi seriam capazes de sobreviver, confirmou que a tecnologia desenvolvida pelos cientistas era capaz de registrar mudanças na população de espécies selvagens. A pesquisa que descreve a técnica foi publicada nesta terça-feira na revista PeerJ.

Monitorar os animais presentes em regiões isoladas de florestas tropicais é uma parte importante do trabalho dos biólogos. A abundância ou ausência de determinadas espécies pode indicar mudanças irreversíveis na fauna local, com consequências imprevisíveis para o ecossistema. “Para entender os impactos da deflorestação e das mudanças climáticas, nós precisamos de dados confiáveis de longo prazo da fauna ao redor do mundo”, diz Mitchell Aide, pesquisador da Universidade de Porto Rico envolvido no estudo.

Esse monitoramento, no entanto, costuma ser muito difícil, pois exige o envio de equipes completas de pesquisadores para acompanhar, diariamente, populações animais em regiões longínquas. “Métodos tradicionais, que enviam biólogos para o campo, são muito caros e muitas vezes resultam em bancos de dados incompletos e limitados, porque é impossível manter pesquisadores trabalhando 24 horas por dia ao longo de um ano”, afirma o pesquisador.

A nova tecnologia descrita no estudo utiliza equipamentos baratos e de fácil obtenção para realizar gravações acústicas em tempo real dessas regiões selvagens, permitindo aos pesquisadores identificarem posteriormente — do conforto de seus laboratórios — as espécies de animais presentes no local. A técnica foi testada em milhares de gravações, que capturaram sons de pássaros, sapos, macacos e insetos em florestas tropicais, e os pesquisadores conseguiram identificar espécies específicas em meio ao caos sonoro.

Na gravação abaixo, por exemplo, os cientistas foram capazes de discernir, entre o som de diversos animais, o coaxar do sapo E. juanariveroi:

 

Barulho animal — Os pesquisadores da Universidade de Porto Rico desenvolveram todo o software e hardware utilizados no equipamento. Por meio de um aplicativo especial, eles programaram o iPod para realizar seis gravações de um minuto de duração a cada hora, que são transmitidas, em tempo real, para uma estação de pesquisa instalada a 40 quilômetros de distância.

As gravações realizadas em diversas regiões de floresta são, então, enviadas para os servidores da Universidade, onde são processadas. Em menos de um minuto, elas estão disponibilizadas para o resto do mundo no site do projeto.

Além da tecnologia para realizar e transmitir as gravações, os pesquisadores criaram uma técnica que ajuda outros cientistas a procurar, em meio à cacofonia sonora, os sons da espécie que pretendem estudar.  Por meio de um tutorial online, eles fornecem as ferramentas necessárias para cada especialista criar seu próprio programa para procurar pelo animal desejado. Quando finalizado, o software é capaz de analisar mais de 100.000 gravações em menos de uma hora.

O estudo publicado na revista PeerJ relata a utilização da técnica para procurar por oito espécies de animais em florestas de Porto Rico e da Costa Rica, entre 2008 e 2013. Além de conseguirem encontrar as espécies desejadas, os pesquisadores demonstraram que a capacidade de medir mudanças de uma população no longo prazo é essencial para entender sua dinâmica no ecossitema. Durante os primeiro quatro anos da pesquisa, por exemplo, a atividade vocal do sapo E. juanariveroi diminuiu sensivelmente, mas recuperou o nível original a partir do quinto ano — mostrando que ela não estava se encaminhando para a extinção. Conseguir o mesmo banco de dados a partir de observações humanas seria impossível.

Segundo os pesquisadores, um dos principais atrativos da tecnologia é o fato de criar um registro permanente das espécies que habitam as florestas no presente. “Cada gravação é o equivalente a uma peça de museu, que pode ser analisada com as tecnologias de hoje, mas estará armazenada permanentemente para que os biólogos do futuro também possam estudá-la”, diz Carlos Corrada-Bravo, pesquisador que também esteve envolvido no estudo.